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Dia da Mulher

    Hoje, como em todos os dias, é o dia da Mulher!

 

    Tenho sorte em ter crescido com bons exemplos do que é ser Mulher. Mulher que tem que lutar pela igualdade, que trabalha todos os dias e que juntando ao trabalho ainda tem vida: casa, filhos, marido, amigos… ficando ela várias vezes para último lugar.

 

    Mulher que tira de si para dar aos outros, que reparte o pouco que tem e que gosta de ver tudo e todos à sua volta a sorrir de felicidade.

 

    Ser Mulher não é fácil! É uma luta constante, mais do que as 24h que o dia lhe dá… É dividir-se em várias tarefas e cumprir isto tudo dando sempre o melhor.

    Tenho orgulho em ser mulher e se algum dia me dessem a escolher não trocaria o “ser mulher” por nada.
 

    Gosto das mudanças de humor, das picardias, da humildade, do ser rabugenta, do dom da palavra, do coração grande, dos sentimentos à flor da pele que só as mulheres conseguem ter. Gosto das lutas que fizemos e que continuamos a fazer na história, gosto de ter que me esforçar para conseguir atingir os objectivos, aos quais é esperado que só os homens cheguem.

 

    Como mulheres, todas deveríamos ter o mesmo objectivo: continuar a mudar aquilo que já há muitos anos se têm dedicado a mudar, lutando cada vez mais pela igualdade de género, porque merecemos e não somos em nada mais fracas.

    A mudança tem que começar em nós, mostrando como a delicadeza e a sensibilidade também são pontos cruciais na construção do mirabolante mundo do “ser forte”.
    Não somos perfeitas, nem o queremos ser:
tédio é sem dúvida uma palavra a riscar no dicionário feminino, ainda não repararam no turbilhão de emoções que conseguimos demonstrar num único dia?!

 

    Ser Mulher vem de dentro, saber ser Mulher é uma conquista pela qual todas trabalhamos diariamente. E o importante de tudo isto é que, por vezes esquecemos que ser Mulher não é simplesmente agradar ao olhar, tremer com o toque, ansiar o abraço e “viver” por um beijo efémero. Mais do que isso, ser Mulher é marcar uma posição, derrubar expectativas parcas e deixar claro que por vezes o egoísmo é uma arma, a qual devemos usar sempre que nos tentem rebaixar.

   
Nós valemos mais do que aquilo que nos querem fazer valer. Duvida de quem te disser o contrário; de quem te humilhar com actos ou palavras; de quem nunca valorize tudo aquilo que tens de passar desde que acordas até que te deitas.
 

    Olha-te ao espelho e repete com um sorriso nos lábios: “Sou Mulher e hoje vou cuidar de mim!”, porque não és só um corpo curvilíneo. És alma, coração, sentimentos, lutas, mistério, condição: és humana.

    Parabéns a nós por sermos Mulheres!

Por: Ana Monteiro e Raquel Machado

Não tenho namorado...
E depois?

    “-Sábado é Dia dos Namorados!!! – sorriso estupidamente afectado pelo “síndrome do cupido”.

     -Who gives a damn?! – cara de merda, a roçar a náusea.”
    Pois bem meus caros, fazendo uma introspectiva cuidadosa à minha visão do Dia de S. Valentim há apenas uma coisa a dizer: podem restaurar todos os feriados que aboliram do calendário e acabar com esta palhaçada de uma vez por todas?!
    Quando o mês de Fevereiro começa a dar sinais de si, eu dou por mim a pensar em todos os animais que têm a célebre capacidade de hibernar:
“sabia tão bem fechar os olhos por 24h e não ter de aturar lamechices hipócritas”.
    Mas afinal quem são vocês, casalinhos pseudo-apaixonados, para terem um dia dedicado à tentativa de espetarem na cara, daquelas a quem chamam de “encalhados”, a vossa extrema felicidade (válida por umas horas)?
   
Percebam uma coisa: aqui a ralé encalhada está-se nas tintas para cenários “à luz das velas”, decorados a vermelho-sangue.
    Enquanto vocês se entretêm com o tradicional e vulgarizado “amo-te” e dão corda à carteira em troca de um jantar num restaurante chique (para encher o bandulho como se não houvesse amanhã –uhh, que romântico- , sem a capacidade de distinguir o garfo da carne da colher de sobremesa), nós organizamos verdadeiras excursões a tascos com os amigos. E olha que choque: até que nos divertimos!
   
“Ah, a sério que vais passar um dia tão especial sozinha(o)? Que pena…”
    Pena?! Porquê?! Ficar em casa a deprimir no sofá e enfardar chocolates é coisa de filme da pré-história e olha, a minha vida continua a fazer sentido mesmo que nenhum iluminado me ofereça um ursinho de metro e meio.
    Se estiveres em casa neste momento faz um favor a ti próprio: vai à janela…
    Já está?!
    E então, gostaste da surpresa?
    Ninguém te aplaudiu ou congratulou por manteres uma relação amorosa com X, Y ou Z?! Ohhh, deixa lá isso. Talvez seja porque…
NOBODY CARES!!!
    Por isso e pelo bem da humanidade vai lá comprar o presente “pipi” para a(s) tua(s) cara(s) metade (será provavelmente vendido por um solteiro a um preço estrondosamente inflacionado, já que a data assim o pede) e deixa de fingir piedade pelas almas singulares.
    Há quem dispense andar com rótulos nas trombas e não precise que seja o calendário a ditar a importância que se tem ou que se deve dar a alguém.
   
Deixem de ser máquinas de inspiração ao marketing e parem de envergonhar a “socialite” encalhada…Ainda ontem andaste a roçar-te com A e hoje dizes que não podes viver sem B?!
    Por favor…!!!

 

Por: Raquel Machado

Por qué no te callas?!

    Os tristes episódios em Paris no início deste ano, trouxeram à praça pública o debate sobre

esse tema tão nobre e tão fácil de explicar que é a “Liberdade de Expressão”.

 

    De uma forma quase unânime todos nós gostamos de afirmar que somos “livres de dizer o que achamos e bem entendemos”…  Aliás, sempre que alguém diz isto, é alta a probabilidade de completar a frase usando o cliché nr. 3 da lista de clichés:

    - “Eu sou assim. Digo o que sinto!! Quem gosta…gosta, quem não gosta põe de lado!”. Em boa verdade vivemos num País livre. Mas será que é mesmo assim? Será que quem é sincero o suficiente para dizer o que lhe vai na alma também o é para ouvir?

 

    É este o exercício que o Senhor Professor vos propõe fazer nos próximos minutos!

 

    Quando esta temática surgiu, veio-me à memória aquele episódio de 2007, em que o Rei de Espanha na altura, insatisfeito com as críticas que Hugo Chávez fazia a José Maria Aznar proferiu um directo e sincero “Porque no te callas?” em plena conferência Ibero-Americana. Basicamente aquilo que o malogrado Presidente Venezuelano estava a fazer era “apenas” usar o seu direito à liberdade de expressão. No entanto, o Rei Juan Carlos (que até foi o pacificador que levou a Espanha a transitar do Regime Franquista para a Democracia Parlamentar), não gostou do que ouvia e oprimiu esse direito à livre expressão.

    Assim na altura, recordo-me de ter visto imensas t-shirts com essa frase emblemática, mas

nenhuma a dizer “Yo Soy Chávez!”. Talvez porque para a opinião pública se Juan Carlos e Hugo Chávez fossem personagens de banda desenhada, um seria um Super-Herói e o outro um Vilão. E é tão mas tão fácil tomar o partido que agrada à maioria!

 

    Mas o verdadeiro problema é quando o Humor choca de frente com essa tal liberdade de expressão. Por exemplo, é mais ou menos a mesma coisa que os “Soutiens” e… vá lá… as mamocas da Fafá de Belém!! É verdade que eles são feitos para acolher e confortar… mas caramba, o que demais é exagero!

 

    Fazer Humor estupidamente difícil. Simplesmente o que para uns é engraçado, para outros não passa de estupidez e falta de gosto. Posto isto, eis uma nova questão:

 

    Seremos livres de fazer piada com tudo e com todos? Aqui o escriva acha que sim!! Contudo

há que conhecer e dominar outros dois conceitos basilares: O Bom Senso e o Poder de Encaixe. E aí é que reside o grande problema!

 

    Todos nascemos com este direito de expressar livremente os nossos pensamentos (Graças a Deus, ou ao Maomé ou ao Cristiano Ronaldo… como quiserem!! !). Este direito que nos foi concedido é tão poderoso que muitas das vezes até afirmamos e defendemos ideias nas quais não acreditamos nem um bocadinho ( Perguntem ao advogado do Vale e Azevedo que ainda tenta provar que ele é inocente, que ele confirma!).

 

    Os Jornalistas do “Charlie Hebdo” usam e abusam deste direito. Durante anos a fio o tema “Religião” vem sendo usado como saco de pancada preferido. No entanto o bom senso jornalístico impera, e a sátira patente em simples “cartoons” não vê apenas uma facção. Atinge Cristãos, Muçulmanos, Ateus e até fãs do Messi!!

 

    Não houve, há ou haverá (ao que tudo indica) perseguição ou xenofobia. Há sim uma coragem tremenda de brincar com um tema que “meia dúzia de milhões” de pessoas levam demasiadamente a sério e que não conseguem ter poder de encaixe suficiente para perceber ou querer perceber.

 

    Por cá, continuaremos a achar piada às piadas feitas sobre os “outros” e continuaremos a defender contra tudo e contra todos a liberdade que aquele 25 de Abril nos devolveu. Iremos continuar a adorar fazer piadas sobre o Carlos Castro, mas ai daquele nos aponte um saca-rolhas!

Por: Zé Eduardo Martins

Vamos reflectir sobre o AO90, perdão, refletir 

    Tenho uma má notícia para vos contar e garanto-vos que não vão ficar satisfeitos com o que tenho para dizer: Atualmente escrevemos muito pior do que antes da chegada do novo Acordo Ortográfico. A atualização ao chamado AO90 revelou ser pior a emenda do que o soneto para todas as gerações que aprenderam que a entrada em “acção” deste novo acordo iria “actualizar” a forma como escrevemos. A aplicação forçada e sem período extensivo de ambientação acabou por borrar a pintura toda e agora já não sabemos se tudo isto é “anti-salazarista”, quanto mais não seja porque o anterior acordo ortográfico datava de 1945, bem no coração do Estado Novo, ou se quem é contra o AO90 é antirreformista. 

 

    As ajudas que diariamente temos ao nosso dispor acabam por dissuadir o efeito de aplicação à força das novas regras de grafia. Quem não dispensa o dicionário no Word? Ele até avisa se estamos a escrever bem ou mal as palavras com base no novo acordo ortográfico. Se tivermos um Mac a coisa ainda é mais intrusiva. Se estivermos a escrever um comentário sobre um episódio no IMDB, “mini-série” passa instantaneamente a minissérie. Se enviarmos uma mensagem pelo Facebook sobre o baile de ontem, “pé-de-chumbo” passa a pé de chumbo”. Parece altamente não parece? Deixámos de nos preocupar se as palavras estão ou não bem escritas. Afinal, imediatamente atrás de nós, qual senhora das limpezas, vem o dicionário corrigir tudo o que escrevemos.

 

    Mas a porca torce o rabo – caramba, como adoro esta expressão – quando surge o azar de termos de escrever alguma coisa à mão. Que diacho! Tanta escrita em teclados tácteis ou mecânicos quase faz com que percamos o jeito de desenhar conjuntos de letras. Mas o mais grave nem é isso, até porque daria igualmente um bom tema para falar. O mais grave é que na escrita manual não há dicionários digitais a vir atrás de nós corrigir o que está errado. Ou se sabe, ou não se sabe. Infelizmente parece que cada vez se sabe menos. Eu vejo por mim próprio quando estou a escrever apontamentos das aulas. Tão depressa escrevo “predilecção”, como umas linhas mais abaixo aponto predileção. Acabo por andar sempre a trocar as grafias num único texto, tornando-o uma caldeirada à moda da Costa da Caparica mas que, ao contrário desta, nada saborosa.

 

    Estas trocas entre o acordo antigo e o novo nos meus apontamentos acabam por confirmar a forma atabalhoada e contraditória como o AO90 está a ser aplicado. Se havia necessidade de atualizar a grafia e unificá-la com os restantes países de língua portuguesa? Pessoalmente, não havia. Porém, o mal já está feito, e não custava nada que fossem tomadas medidas para minorar o problema. Alargar os prazos de ambientação às novas grafias, por exemplo. Não forçar as pessoas a usar a nova grafia nos aparelhos digitais. Proporcionar um melhor esclarecimento nas escolas dos métodos de aplicação do AO90. Tudo para evitar a sensação geral de nem sequer conseguirmos escrever bem a nossa própria língua.

Por: Pedro Afflalo

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